Hoje, no Ocidente, a maior parte das pessoas encara a ablação do clítoris como uma aberração e um crime contra a sexualidade feminina, mas é bom não esquecermos que, pelo menos na primeira metade do século XX e num país tão desenvolvido como os Estados Unidos, os sexólogos, na esteia de Freud, percebiam a masturbação feminina como uma prática que devia ser evitada e, por vezes, chegavam a aconselhar a remoção cirúrgica do clitoris como forma de tratamento para a histeria, insanidade ou como simples medida higiénica; os registos de clitoridectomias realizadas ainda na década de 30 em hospitais psiquiátricos são um sinal inequívoco desta cultura. Bem vistas as coisa, médicos e sexólogos da época, autoridades aceites e admiradas, mais não faziam do que revelar e expressar os sentimentos misóginos que a sociedade em geral alimentava contra as mulheres e sua sexualidade.