Embora seja difícil definir o que se deva entender por sexo promíscuo, podemos avançar que será aquele em que há vários parceiros sexuais e não se estabelece uma relação de comprometimento afetivo e social.
O conceito de promiscuidade sexual comporta uma carga negativa para as mulheres que não encontramos em relação aos homens. Para as mulheres, além dos receios relacionados com doenças sexualmente transmissíveis, a promiscuidade implica outros riscos. Mesmo quando gozam de independência económica e controlam a sua capacidade reprodutiva, continuam a ser socialmente penalizadas se seguirem esse padrão de conduta. Não são só os homens que as criticam e desvalorizam; o duplo padrão, interiorizado por muitas mulheres casadas, também as leva a culpabilizarem as mulheres solteiras, que assumem essa postura, pelos “deslizes” dos próprios maridos: não é um marido adúltero o criticado, é a “vadia” que o tentou que vai arcar com todas as culpas.
Por outro lado numa época de brutal violência sexual contra as mulheres muitas encaram o sexo casual, ligado à promiscuidade sexual, como demasiado arriscado para valer a pena. A frequência assustadora da violação por conhecidos não deixa muito espaço para uma vida sexual segura. Tudo isto explica por que a promiscuidade continua a ser evitada por muitas mulheres, sem ser necessário apelar-se para uma natureza feminina diferente da masculina.
Ora, negar à mulher condições físicas e psicológicas para que possa seguir uma vida sexual promíscua entendendo-se por tal uma em que não se limita a ter sexo no interior de uma relação heterossexual estável, com um único parceiro, é de alguma maneira limitar a sua capacidade de escolha, de libertação e de construção da sua própria sexualidade.
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