sábado, 10 de setembro de 2011

Mulheres e promiscuidade sexual

Embora seja difícil definir o que se deva entender por sexo promíscuo, podemos avançar que será aquele em que há vários parceiros sexuais e não se estabelece uma relação de comprometimento afetivo e social.
O conceito de promiscuidade sexual comporta uma carga negativa para as mulheres que não encontramos em relação aos homens. Para as mulheres, além dos receios relacionados com doenças sexualmente transmissíveis, a promiscuidade implica outros riscos. Mesmo quando gozam de independência económica e controlam a sua capacidade reprodutiva, continuam a ser socialmente penalizadas se seguirem esse padrão de conduta. Não são só os homens que as criticam e desvalorizam; o duplo padrão, interiorizado por muitas mulheres casadas, também as leva a culpabilizarem as mulheres solteiras, que assumem essa postura, pelos “deslizes” dos próprios maridos: não é um marido adúltero o criticado, é a “vadia” que o tentou que vai arcar com todas as culpas.
Por outro lado numa época de brutal violência sexual contra as mulheres muitas encaram o sexo casual, ligado à promiscuidade sexual, como demasiado arriscado para valer a pena. A frequência assustadora da violação por conhecidos não deixa muito espaço para uma vida sexual segura. Tudo isto explica por que a promiscuidade continua a ser evitada por muitas mulheres, sem ser necessário apelar-se para uma natureza feminina diferente da masculina.
Ora, negar à mulher condições físicas e psicológicas para que possa seguir uma vida sexual promíscua entendendo-se por tal uma em que não se limita a ter sexo no interior de uma relação heterossexual estável, com um único parceiro, é de alguma maneira limitar a sua capacidade de escolha, de libertação e de construção da sua própria sexualidade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Da necessidade de se refletir sobre a sexualidade feminina

A discussão sobre sexo e sexualidade, mesmo quando empreendida por filósofos, tem-se limitado na prática a exprimir um ponto de vista masculino e a refletir uma visão androcêntrica: é a maneira como os homens vivem o sexo que é explorada, presumindo-se mais uma vez que a sexualidade masculina é um universal. Esta situação é compreensível, mas não é aceitável; todavia só poderá ser modificada a partir do momento em que filósofas feministas se debrucem também sobre o assunto.
Nos nossos dias começamos a encontrar feministas que procuram contrariar a tendência androcentrica, de entre estas destaca-se Linda LeMonchec, autora de Loose Women Lecherous Men, cuja leitura recomendo vivamente. As feministas que abordam estes temas são alvo de críticas virulentas, acusadas de extremistas e de «desmancha-prazeres», as suas análises são rejeitadas liminarmente. Como o tema é complexo, instala-se entre elas certo divisionismo, por virtude de interpretações divergentes do mesmo fenómeno, habilmente explorado por quem se opõe a qualquer alteração no statu quo.
Mostrar as mulheres como vítimas sexuais e a heterossexualidade como o instrumento privilegiado dessa vitimização até pode ser verdade, mas é rejeitado por muitas, porventura a maioria. Por isso, será importante aprofundar a análise epistemológica para ver até que ponto a maioria das mulheres é afetada por uma certa forma de injustiça epistémica. Com isto quero dizer que muitas mulheres não são sujeitos fiáveis de conhecimento porque lhes faltam os instrumentos intelectuais – conceitos – para objetivarem e perceberem a situação que estão a viver. Para dar um exemplo dessa carência, recordo que no século XIX com a industrialização e a abertura do trabalho fabril a mulheres se verificava um fenómeno lesivo para os seus direitos, fenómeno esse que só começou a ser percebido na sua verdadeira dimensão e combatido com algum sucesso quando se inventou/criou o conceito de ‘assédio sexual’. Isto para mostrar que se não percebermos e formos capazes de expressar conceptualmente o que estamos a viver em termos de sexualidade também não seremos capazes de o entender e consequentemente de agir para modificar o que eventualmente nos está a prejudicar.
Concluo, apelando a muitas feministas - que frequentemente se distraem com o fait divers - para a importância de se refletir com maior profundidade; para que essa reflexão ocorra urge estudar quem já a promoveu e nos pode fornecer informações pertinentes.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Porque é necessário refletir sobre sexo 'no feminino'?

Hoje, no Ocidente, a permissividade sexual é vista com suspeição pelos setores conservadores das sociedades, preocupados com questões tais como gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, desvios sexuais e violência sexual.
Os remédios apontados pelos conservadores vão desde a abstinência sexual antes do casamento (para as jovens, é claro), passam pela fidelidade no casamento monogâmico (para as esposas, é claro) e pela valorização da heterossexualidade. A educação sexual é descartada ou então reduzida a um nível em que o seu interesse fica discutível, o aborto é fortemente contrariado, os anticoncepcionais de acesso difícil, sobretudo para as jovens solteiras. Além disso, as fações conservadoras encaram a sexualidade sob uma perspetiva moralista, como algo que é mau a menos que… e as suas posições não conseguem esconder a defesa da teoria do duplo padrão de conduta que sempre discriminou as mulheres e não permitiu nem permite que construam em liberdade a sua própria sexualidade e, portanto, é uma teoria que favorece o machismo e a licenciosidade masculina.

Numa tentativa de lutar contra este moralismo sexual que quer continuar a limitar as mulheres na expressão da sua sexualidade, algumas feministas defendem um postura oposta, aceitando experiências de promiscuidade sexual feminina, de outras orientações sexuais que não apenas a heterossexual, de práticas sado-masoquistas e até mesmo da participação em filmes pornográficos e na prostituição. Com esta defesa pretendem pôr em causa os valores tradicionais, ligados às ‘virtudes’ femininas da modéstia, castidade e do duplo padrão, cujo objetivo, pensam, é manter as mulheres numa situação de submissão sexual ao homem, situação ainda dominante nas relações heterossexuais.

Contra esta postura, aparentemente revolucionária, pode-se argumentar que as práticas acima referidas,  práticas que objetificam as mulheres e por isso estão ao serviço da sua opressão e exploração, respondem exatamente ao que os homens querem do sexo, numa sociedade em que a sexualidade masculina é a dominante e em que as mulheres foram colonizadas sexualmente, como se pode constatar pela expressão que o desejo sexual assume em muitas delas. Afinal defender estas práticas, mesmo se a título de experiência e com intenção de libertar as mulheres, é defender práticas que foram ‘desenhadas’ para manter as mulheres ao serviço dos homens, equivale a defender a sexualidade do domínio/submissão, pois que outra coisa são a pornografia main stream, a prostituição ou as práticas sado-masoquistas? Adotar estas práticas acaba por ter como consequência legitimar o abuso e a violência sexual dos homens sobre as mulheres, que enviam a mensagem de que elas são aceitaveis.
‘Reinventar’ a sexualidade feminina deveria ser a prioridade e essa reinvenção deveria passar pela eliminação de uma sexualidade de domínio/submissão, de feição nitidamente sado-masoquista, e pelo estabelecimento de reciprocidade sexual. Claro que isto exige um esforço colossal pois se as mulheres foram ‘educadas’, ou melhor deseducadas, sexualmente num contexto sexual de domínio/submissão, se os seus desejos sexuais foram formados nesse contexto, procurar relacionar-se sexualmente seja com um homem, seja com outra mulher, evitando conscientemente recorrer a esse modelo e às respetivas práticas, é uma tarefa extremamente difícil porque implica alterar estruturas do desejo que se encontram implantadas em camadas profundas do psiquismo feminino.
Isto talvez permita compreender por que muitas mulheres relutam em abandonar a perspetiva masculina sobre sexo e o papel que se espera que elas desempenhem porque interiorizaram de tal maneira essa perspetiva e esse papel que se sentem confortáveis e não estão dispostas a sacrificar esse bem-estar pelo que seria politicamente correto. Assim é que muitas mulheres, sobretudo as mais jovens, o que querem é ser consideradas atraentes pelos homens e não se importam de se sujeitarem a quaisquer práticas sexuais, independentemente de estas lhes darem ou não prazer, se tal for necessário. Claro que na raiz deste comportamento está todo um processo de formação da feminilidade que enfatiza fortemente a aparência e a passividade, mas como vamos fazer-lhes entender que esse processo existe, que o sofreram e que ele não é a melhor maneira de se afirmarem como pessoas e de terem uma vida realizada?
Do mesmo modo, como vamos convencer prostitutas, que não vêem qualquer hipótese de deixarem a prostituição e de serem de outro maneira bem sucedidas, mas que sofrem direta e imediatamente o desconforto pelo facto de a prostituição não estar legalizada, de que a legalização não é solução e bem pelo contrário é a legitimação da violência sexual que quotidianamente sofrem e que, de tão quotidiana, se lhes tornou natural e aceitável?
Por todos estes motivos, embora tarefa difícil, ingrata e espinhosa, interessaria que mais feministas e mais blogueiras feministas se dedicassem a refletir sobre estas questões ao invés de continuarem preocupadas com «fait divers» que não vão à raiz dos problemas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

«Raparigas Espertas Casam por Dinheiro»!

 «Raparigas Espertas Casam por Dinheiro»! É como traduzo o sugestivo título de um livro  publicado em inglês «Smart Girls Marry Money». Quando me deparei com este título inicialmente a minha reação foi desfavorável pois, como praticamente todas as mulheres, fui educada na tradição romântica que considera abjetos cálculos de natureza material na escolha do companheiro. Hoje, devidamente instruída quanto às armadilhas da ideologia romântica, dou todo o meu apoio à tese de que, assim como assim, se vamos entrar num negócio no qual somos a parte mais fraca e vulnerável, o melhor é acautelarmos os nossos interesses, selecionando alguém que pelo menos dê garantias de suporte económico e se encontre nesse aspeto numa posição superior à nossa, mesmo que não seja assim tão jovem e belo como supostamente deveria ser o príncipe encantado.
 Escolher um macho alfa só pode ser uma lamentável estupidez; este vai sentir necessidade de constantemente confirmar a sua macheza com outras, o que francamente não faz nada bem à auto-imagem da mulher que o elegeu; vai querer sempre dominar as suas mulherzinhas e controlar as suas vidas, só uma tola ou uma desprevenida embarca nesse bote furado, um macho alfa só encontra mulheres beta, não queira ser uma delas, quando muito pode ter uma experiência, mas provavelmente nem a experiência vale, só se for para lhe mostrar que afinal ele não é lá isso por aí além.
Mas o conselho que eu de facto gostaria de dar às jovens mulheres, as outras, se ainda não aprenderam, também não vale a pena perder tempo com elas, é o de que melhor do que casar por dinheiro é mesmo não casar; não faça depender de outra pessoa, ainda por cima, do sexo masculino, logo em princípio pouco fiável, a sua capacidade de ser feliz, tenha a coragem de tomar o seu destino nas próprias mãos.

sábado, 14 de maio de 2011

Sobre a natureza do desejo sexual

Os temas ligados à sexualidade mereceram escassa atenção por parte dos filósofos e o pouco que escreveram não foi, de uma maneira geral, esclarecedor. Apresentaram perspetivas sobre a sexualidade e sobre o desejo sexual condicionadas pelas suas concepções éticas, no pressuposto de que essas perspetivas eram universais, e assim não deram grande contributo para a compreensão de um problema que ocupa um lugar tão importante na vida das pessoas. Os sexólogos também não foram, nem são, imunes aos preconceitos da época em que escrevem e ficamos com muitas e justificadas dúvidas quanto às ponderações que nos fornecem; e os cientistas, embora nos possam dar informações importantes, também não são mais bem sucedidos porque a sua atenção se centra em problemas de natureza fisiológica, decididamente algo pouco relevante quando queremos perceber a sexualidade humana.
Assim, quando falamos em sexualidade, apesar de todos os avanços, continuamos num domínio em que a especulação predomina, em que as reflexões não têm nítido suporte a partir de evidências empíricas. Isto para dizer que o que vou a seguir apresentar são apenas as minha reflexões: posso estar enganada e posso bem vir a modificar ulteriormente as minhas atuais posições.
Quanto à natureza do desejo sexual, rejeito o ponto de vista defendido por Sartre segundo o qual no seu cerne não se encontra o desejo por prazer, penso que o desejo de prazer é fundamental para se perceber a estrutura do desejo sexual; o problema consiste em saber o que queremos quando temos desejo sexual e porque é que o que queremos nos pode dar prazer, obviamente em condições adequadas de estimulação corpórea.
Para princípio de reflexão parece-me que procurar esclarecer a natureza do desejo sexual sem o ligar à procriação é omitir um elemento interessante e provavelmente fulcral para a compreensão deste fenómeno. Podemos perceber facilmente as motivações daqueles que assim procedem: ao fim ao cabo reagem contra a tentativa moralista e religiosa de reduzir o sexo a objetivos procriativos. Mas ao fazerem isso, como se diz em linguagem metafórica, deitam fora o bébé com a água do banho.
 Para evitar equívocos, temos de esclarecer muito bem, a ligação que existe entre desejo sexual e instinto procriativo. Assim como quando comemos ou bebemos satisfazemos um instinto que garante a nossa sobrevivência como indivíduos, também quanto nos entregamos a atividades sexuais satisfazemos um instinto que garante a nossa sobrevivência enquanto espécie. Num caso e no outro podemos continuar a comer e a beber mesmo quando a fome e a sede estão saciadas, ou podemos fazer sexo quando a procriação não se encontra no seu horizonte.  Seria interessante proceder a uma inquirição sobre fantasias sexuais de homens e de mulheres para vermos se estas confirmam ou não esta hipótese que liga sexo a procriação; a minha previsão é a de que confirmariam, mas claro que continuamos no plano das hipótese.
A tese que defendo pois é que o desejo sexual, quanto mais não seja na sua origem, tem de estar ligado ao instinto procriativo, não o aceitar é uma forma de escamotear a realidade. A atividade sexual está indiscutivelmente ligada à concepção e à procriação, está misteriosamente ligada à vida, este facto é iniludível e por tal motivo qualquer explicação sobre a natureza do desejo sexual que o ignore tem de estar de alguma maneira viciada.
 Claro que não fazemos sexo para ter filhos, frequentemente até os evitamos, algumas das nossas práticas sexuais nem sequer são de molde a propiciarem procriação e podemos fazer sexo em estádios das nossas vidas em que a procriação nem é já possível, mas isso não impede que bem escondido e sempre latente esteja esse impulso genésico que obviamente aparecerá disfarçado sob as mais variadas expressões culturais.
Se o sexo está ligado à vida, pode supor-se que o que em última instância queremos, quando experimentamos desejo sexual, é vencer a morte, queremos perpetuar o nosso ser através da criação de um novo ser. Por isso é o que o sexo é tão importante: ele encontra-se profundamente ligado ao ciclo da vida e mesmo quando o ato sexual não visa esse fim imediato ele continua a revestir-se da magia que um dia possuiu.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Para uma crítica radical do sadomasoquismo

Quando se criticam as práticas sexuais sadomasoquistas é frequente ouvir-se dizer que desde que o desejo sexual seja satisfeito e desde que não haja nem coerção física nem engano, isto é, desde que se trate de gente de maior idade que sabe o que faz e que quer o que faz, não há nada de errado com estas práticas pois o que importa é o prazer e a satisfação do desejo. Mas, como diz Sandra Lee Bartky, esta é apenas uma resposta liberal a uma crítica radical da sexualidade e consequentemente não responde a essa crítica.
É uma resposta liberal porque assenta no conceito de liberdade individual e se preocupa acima de tudo com a garantia dessa liberdade, esquecendo completamente as implicações mais profundas daquilo que está em causa. E o que aqui está em causa tem a ver com o fato de a sexualidade, particularmente a sexualidade feminina, ser um construto social, no qual a manipulação do desejo desempenha um papel de primeiro plano. Quer dizer, os nossos desejos são nossos, mas é preciso perceber como viemos a tê-los, que função desempenham, porque é que, se são nossos, tantas vezes convivemos tão mal com eles.
Embora o instinto sexual seja inato, os nossos desejos sexuais não o são, as formas que assumem dependem da forma como aprendemos a viver a sexualidade, como aprendemos a satisfazer o instinto; pode aqui estabelecer-se uma analogia com a fome e o ato de comer: a fome é instintiva, mas o modo como a satisfazemos é cultural.
Vivemos em sociedades onde há uma nítida supremacia masculina e sabemos que essa supremacia é claramente mantida através de uma série de mecanismos e de instituições sociais moldadas com esse objectivo; mas mesmo pessoas esclarecidas não percebem que essa manutenção também é conseguida, embora de forma mais velada, discreta e indireta, através da manipulação do sexo e do desejo sexual. Para levar as pessoas a terem determinados desejos e não outros, não é preciso recorrer nem à força física, nem enganá-las diretamente nem violar qualquer direito legalmente estabelecido, basta usar estratégias manipuladoras e não é preciso fazer grande esforço para perceber como a manipulação atua através de filmes a que assistimos, romances que lemos, filosofias que absorvemos, programas televisivos de natureza vária, publicidade, pornografia etc. etc. O conjunto de possibilidades que moldam a nossa «educação» sexual, sob a aparência de variado, liberal e optativo, é de fato muito limitado e deixa uma pequeníssima margem de manobra. Quer dizer que somos formatad@s sem sequer nos apercebermos do que nos está a acontecer. De resto passa-se o mesmo com a informação em geral que, muito argutamente, soube vestir-se com a capa da pluralidade para afinal veicular uma mensagem única, aquela que interessa ao sistema que é aquela que convém aos donos da informação.
Masculinidade dominadora e feminilidade submissa são assim os frutos do sistema que, temendo deserções, não se esquece de constantemente reforçar os papeis e manipular os desejos e desse modo “A mulher verdadeiramente feminina não só terá desejos sexuais por homens como irá desejar formar-se ela própria tanto fisicamente como em outros aspectos numa mulher que os homens desejem.”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sexo anal – uma prática pouco recomendável

Eu sei que Maggie Gallagher não é uma feminista e defende posições das quais definitivamente discordo, mas também sei que concordo com ela quando se refere ao sexo anal e, portanto, apesar das desconfianças, apresento a seguir a tradução de um texto seu em que reflete e opina sobre esta matéria. Reflexões deste tipo fazem sentido quando sabemos que cada vez mais somos enquadradas por uma cultura pornográfica que é o mais retumbante instrumento que nos nossos dias se encontra ao serviço do sexismo; e a pornografia é um instrumento particularmente perigoso porque camuflado de libertário.
As televisões main stream, que não estão nem um nadinha interessadas na emancipação das mulheres, bem pelo contrário, também nos oferecem curiosos programas sobre sexo, como vi recentemente na Globo em Amor e Sexo; o objectivo só pode ser o de enganar as papalvas ou parolas, ou paroquiais ou como queiram chamar-lhes. Num dos últimos programas a que assisti, alturas tantas, abordava-se o sexo anal e a apresentadora teve o desplante de afirmar que algumas mulheres têm preconceito contra a prática, como se esta, «tão moderna», fosse a coisa mais natural do mundo e apenas essas mulheres, mais atrasadas, precisassem de fazer uma revisão e um upgrade dos seus comportamentos sexuais. Um dos participantes, curiosamente um homem, ainda chamou a atenção para o fato de poder ser uma prática que não agrada a todas as mulheres, mas ficou-se nisso e não se adiantou mais.
Posto isto, aqui vem o texto e quem não concordar é favor apontar razões porque quando se apresentam argumentos credíveis e consistentes, falar em preconceito é um autêntico insulto à inteligência das pessoas:
“O sexo anal é uma resposta específica da nossa cultura saturada de pornografia, na qual os jovens vêem cada vez mais imagens de sexo anal com mulheres e pedem às suas namoradas para aceitarem essa prática sexual. As mulheres têm hoje menos poder sexual do que tinha a geração anterior. No que toca aos nossos costumes sexuais, os homens determinam a regra do jogo.
O sexo anal é doloroso, não é higiénico, é insatisfatório para as mulheres e cria riscos únicos de doenças físicas (se duvida, leia a entrada para este tópico na Wikipedia) porque o ânus não é apropriado para a relação sexual, aumentando o risco de feridas e a mistura de fluidos corporais – sangue, sémen, matéria fecal – que podem disseminar uma extraordinária variedade de doenças. Com esta prática o risco para a mulher é muito maior do que para o homem. Este devia ser um tópico a preocupar as feministas.”

Também acho, este devia ser um tópico a preocupar as feministas, afinal se já têm a fama de desmancha-prazeres ao menos deviam ter também o proveito.